Mary e Zaqueu

"Como Zaqueu
eu quero subir
bem mais alto
que eu puder
só pra te ver..."

Mary cantarolava essa canção
enquanto subia a escada rolante
Deozinho, essa música
não me sai da cabeça
um instante, me diz meu,
quem é esse tal de Zaqueu?

As tempestades são passadas
E o Déo e a Maryzinha
foram ao shopping comprar blusinha
Veja essa, Mary, que divina, que luxo
"essa" é um topezinho
que só cobre o bico do peitinho
que junto com uma mini sainha rodada
não escondem nada nada
Mary toda assanhada
tira da bolsa o cartão
e sai da loja feliz, de compras carregada.

Depois, na hora do sorvete,
Veja, Mayzinha, Zaqueu foi um tampinha
um pintor de rodapé
que queria chegar perto de Jesus a qualquer custo
então ele apelou pro expediente
de subir numa arvorezinha
Fez isso pra ser visto
mais facilmente por Cristo.

Olha aquela blusinha! a de brilho? não
a pretinha de veludo
com fitinha de strass amarrando atrás? não é demais?
pra mim ou pra você? ah, pra gente
eu uso de dia ce usa de noite, é cara...
a gente parcela, vamos, foram.

Horas depois, no café, a Mary volta pro assunto
Bixuca, Jesus não é o Homem Deus
que está sempre junto da gente?
Se a ele eu quero seguir
não preciso me aparecer nem subir
Ele não me acha,
aqui, em casa, no motel ou no escambal?
Se ele está dentro de mim
onde eu for ele não vai comigo, na moral?
diz, meu amigo, pra que me mostrar
pra um Deus que já me conhece?
Me mostrar eu me mostro pros mano
e vivo entrando pelo cano
Já Nosso Senhor eu penso que me pertence
assim como esse café quente
que entra macio pra dento da gente.

Veja bem, Mariucha, é que...
e eles se afastam e eu não ouço o final
e eu fico aqui no Café pensando, meu,
que mensagem linda essa periguete deu.

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