Mary e os alagados

Deozinhô?
Ô!
O que a gente pode fazer
por esse povinho
que está até o pescoço
nesses alagamentos?
Mandar mantimentos?

O Déo parou o garfo a meio caminho
Maryzinha preocupada com algo
que não fosse seu lindo umbiguinho?

Liga não fofex, liga não
metade do Brasil se mete a bonzinho, meu bem
arroz, feijão e óleo todo mundo tem
já solução...

Mas o que o governo devia fazer?
- pergunta Mary, tentando entender
Fofa, é secar gelo
Mas fala ô! - Boa vontade, mô!
Coisa que governante não tem.

Tá... Deô? – ham...
Quantos mil brasileiros tem?
Não é mil, é milhões meu bem
E mais de cem.

Tá. Mais de cem
Tirando bebê, e criancinha
e velhinho e sei lá, doente
O povo que restar
não podia rezar
uma reza geral
uma reza em rede nacional?

Mary, você voltou pro chá de cipó?
Flor, esquece, a gente reza só
quando o problema é da gente
não do povinho. Só quando a água
tá no nosso pescocinho.
Sei. Tá. Mas ajudava?
O quê? - Rezar. Todo mundo junto
Rezando pro mesmo assunto...

Mary! Fui. Fui à luta. Fui trampar.
Ai ai ai!
Kiss kiss, bêjo miliga, bai bai.

Mary ficou sentada juntando miolo de pão
Aí foi se vestir pra matar, e só mais o tempinho
de se maquilar
E foi pra igreja, foi rezar
pros coitados dos alagados
Depois, seguiu pra vida, caçar cliente
Que janeiro é um mês muito maneiro
de ganhar dinheiro.

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